
Francisco Willers encontrou imagens gravadas pela Allana no Dia dos Pais.
'Minha razão de viver é estar lutando por ele', fala sobre filho mais novo.
Francisco perdeu Allana na Kiss e dedica agora a vida a Francisco Júnior (Foto: Arquivo Pessoal/ G1)
Francisco Humberto Willers olhava o computador da filha há alguns dias quando encontrou um vídeo que ajudará a confortar seu Dia dos Pais. Pai de Allana, 18 anos, uma das 242 vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, deparou com imagens gravadas em 2011, em que a jovem o homenageava. Bem-humorada, ela mostra cartazes em que ressalta as qualidades do pai (veja o vídeo ao abaixo). Apesar de não ser a primeira vez que assiste às imagens, a descoberta foi como um tesouro para amenizar a saudade de Francisco.

 Francisco ao lado da filha Allana, uma das vítimas
Francisco ao lado da filha Allana, uma das vítimasda boate Kiss (Foto: Arquivo Pessoal/ G1)
Nas horas vagas, Francisco conta que o filho costuma ir à empresa da família, uma locadora de veículos, embora ainda não tenha certeza do que quer estudar na faculdade. Já Allana cursava jornalismo na Universidade Federal de Santa Maria e morava na cidade havia um ano. “Prestei vestibular com ela na época. Ela me pediu e foi bem legal. Eu estudava direito”, diz o pai, que é proprietário de uma empresa.
Por conta de algumas disciplinas como direito penal, em que os assuntos se tornaram mais difíceis de ser encarados depois da tragédia, Francisco trancou o curso na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). “Vou voltar neste semestre”, revela.
Apesar do luto, Francisco não sente a paternidade abalada, mesmo que o filho se mostre o mais forte dentro de casa. “Conversei com ele esses dias, o vi chorando poucas vezes. Acho que quer nos preservar”, elogia a força de Júnior.
Embora já tenham se passado seis meses desde a triste madrugada de 27 de janeiro, o quarto de Allana ainda está intacto. Francisco conta com o tempo para mexer nos pertences da jovem. “O difícil é ficar em casa por causa do quarto dela. No início a gente viajava bastante, saía no final de semana. Mas a gente tem de encarar, não tem opção”.
 Allana estudava jornalismo na UFSM
Allana estudava jornalismo na UFSM(Foto: Arquivo Pessoal/G1)
Com as estruturas abaladas e um vazio que, talvez, nunca seja preenchido, a percepção do valor da família mudou para Francisco. No dia a dia, o homem tenta estar mais próximo da mulher, Liane, além do filho. “Grande parte da minha razão de viver é estar lutando por ele. Deve ser muito difícil para quem teve só um filho e perdeu”, completa.

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 242 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco.
O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. Já o MP denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia. Com isso, os envolvidos no caso viram réus e serão julgados. Dois proprietários da casa noturna e dois integrantes da banda foram presos nos dias seguintes à tragédia, mas a Justiça concedeu liberdade provisória aos quatro em 29 de maio.
Veja as conclusões da investigação
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
- As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
- O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
- A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
- A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
- As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
- A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
- Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
- As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
- Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas
Noticia completa : http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/08/vai-me-confortar-diz-pai-apos-achar-video-de-filha-que-morreu-na-kiss.html
 

0 comentários:
Postar um comentário