O estranho mundo do Facebook e afins
Ontem assisti à criação de um perfil no Facebook. Foi uma operação demorada e
trabalhosa. A minha amiga preencheu caixas e caixinhas, pôs fotos, respondeu a
perguntas, questionários, quiz, adicionou amigos, recebeu comentários dos amigos
que tinha acabado de adicionar, aceitou outros, escolheu o que pretende com o
Facebook- conhecer homens, mulheres, razões profissionais, ou conhecer pessoas
no geral- e num instante se passou uma hora e tal e nem metade daquele mundo
estava explorado. E depois é toda a manutenção daquilo: ter as fotos
actualizadas, responder aos comentários, manter diálogos com os 350 amigos que
se vão aceitando (os colegas da primária, os colegas do secundário, os colegas
do campo de férias, os colegas da faculdade, os colegas da pós graduação, do
trabalho, os amigos de infância, o namorado, os amigos do namorado, o vizinho do
4º esquerdo, tão engraçado, não sabia que ele era travesti, etc, etc, etc).
Junta-se o Hi5 e o Twitter (em que se pode escrever a toda a hora o que se está
a fazer no momento, como se isso tivesse algum interesse- «ah mas também se pode
entrar em debates, discussões e trocas de ideias com pessoas de todo o mundo e
até conhecidas EM TEMPO REAL»- pausa para respirar e fazer um ar indiferente-
como se isso tivesse algum interesse. Julgo que o Twitter deve sido criado por
um cromo extremamente solitário, virgem, cheio de borbulhas e com um hálito de
bicho morto). Como eu estava a dizer, junta-se todas estas redes sociais e está
o dia monopolizado. Só de pensar no que é preciso para manter tudo isto, fico
cansada. Acho que é por isso que não faço parte de nada. Por isso e porque o
argumento «o Hi5 e o Facebook são bons para encontrar malta que não se vê há
muito tempo», não pega. Se não os vejo há muito tempo, se perdi contacto, é
porque assim o quis, e encontrá-los é a última coisa que me apetece.
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